O
TEATRO E SUA ORIGEM
Do
ponto de vista histórico e com os elementos que conhecemos na
atualidade, poderíamos dizer que o teatro nasceu na Antiga Grécia,
embora pesquisas recentes venham demonstrar que muito antes, os
egípcios, os indianos e os chineses já o praticavam. Não se pode
negar que a cultura oriental é muito consistente, mas, embora o
Oriente praticasse teatro antes dos gregos, essa prática acontecia
primitivamente em forma de rituais religiosos.
Percebe-se,
porém, que a Grécia Antiga herdou esses rituais. Entretanto, não
podemos negar que foi justamente nesse país que esses primitivos
rituais, foram, ao longo dos anos, se transformando, tomando novas
formas como festividades e atividades culturais, até determinar os
cultos teatrais como forma de representação e arte, a qual
conhecemos hoje.
Quanto
ao termo, Magaldi (1986) enfoca que: “a etimologia grega de teatro
dá ao vocábulo o sentido de miradouro, lugar de onde se vê”,
entendendo-se desta maneira, que o sentido primitivo da palavra
teatro estava relacionado estritamente com a idéia de visão.
O
teatro originou-se basicamente de três festividades: a) dos
mistérios de Delos; b) da louvação às divindades Quintelanas -
Elêusis, Demótes e Proserpina; e c) do culto a Dionísio. Sendo que
esta última é a mais provável, segundo estudos históricos e
antropológicos já realizados. Sabe-se que uma vez por ano,
justamente por ocasião das vindimas, prestavam-se homenagem ao deus
Dionísio; deus da uva e do vinho, da embriaguez e da fertilidade.
Geralmente, nesses cultos sacrificava-se um animal, mais precisamente
um bode, que por sua vez, significa tragos em grego, de onde surge
etimologicamente a palavra Tragédia. Comumente ao som da música de
flautas, as bacantes dançavam em honra ao deus Dionísio,
juntando-se aos sátiros, também dançarinos que imitavam bodes,
que, para a cultura grega da época, significavam os companheiros do
deus. Depois de algumas horas, já embriagados, entregavam-se com
entusiasmo a esse frenesi, esse culto, a esse verdadeiro espetáculo.
Nessas condições, o teatro tem notadamente origem religiosa e
campestre.
Com
o passar do tempo, o próximo passo foi a organização de procissões
que se tornaram muito mais religiosas do que profanas. Essas
procissões tinham caráter comum, onde todos os celebrantes se
juntavam tendo à frente jovens que cantavam um hino improvisado,
chamado ditirambo. Para Boal (1983), “teatro era o povo cantando
livremente ao ar livre: o povo era o criador e o destinatário do
espetáculo teatral, que se podia então chamar “canto
ditirâmbico”, e assim giravam em torno do altar do deus,
agradecendo pela colheita da uva, e pelo sexo que significava a
fertilidade da vida. E foi exatamente desse coro, do contraste entre
o espírito Dionisíaco e Apolíneo, que nasceram a Tragédia e a
Comédia.
Em
seguida o coro separou-se do recitador, nesse momento crucial da
história do teatro havia nascido o primeiro ator. Contudo, na
procissão já se podia constatar três artes: o canto, a dança e a
atuação. Nesse caso, à frente vinha o Corifeu - de onde surge a
palavra Coro - vestido com pele de bode, e todo o resto do grupo
respondia ao ditirambo, atuando como um verdadeiro balé litúrgico,
numa fusão do trágico e do cômico.
E
assim constituiu-se a Tragédia: o ator e o coro se respondem
cantando, em seguida, o ator fala e o coro canta, e posteriormente o
ator dialoga com o Corifeu, representante do coro. Vale salientar que
nesse momento embrionário da Tragédia não havia atos nem
intervalos, sendo a mesma composta de partes dialogadas e partes
faladas.
Poderíamos
fazer aqui uma relação com o Círio de Nazaré, quando todos os
anos, numa determinada época, o povo se reúne para louvar a sua
Santa (deusa) Virgem de Nazaré, neste caso, com características
próprias de uma cultura contemporânea de início do século XXI. É
interessante saber que apesar da distância cronológica, momentos
semelhantes existem entre essas duas manifestações religiosas, como
por exemplo: o vigário tomando o lugar do Corifeu, quando diz uma
estrofe de uma oração, e o povo respondendo conseqüentemente,
representando o coro.
Os
três grandes trágicos gregos foram: Ésquilo, Sófocles e
Eurípedes. Théspis foi o criador do teatro ambulante, o qual
conhecemos hoje como teatro mambembe, mas infelizmente todos os seus
textos se perderam. Também foi ele quem inventou as máscaras.
Representava seus papéis trágicos inicialmente pintando o rosto com
matéria-prima da época, depois cobrindo o rosto com folhas de
árvores, em seguida introduziu o uso de verdadeiras máscaras.
Chegou
um momento em que o Estado tomou para si a organização do teatro na
Antiga Grécia, onde instituiu concursos entre os poetas dramáticos
- mais conhecidos atualmente como dramaturgos - contudo, este intento
objetivava não somente divertir a população, mas por outro lado,
servia também como um meio de propaganda política e ideológica,
visto que na época “os tiranos empregam a arte não só como meio
de adquirir glória y como instrumento de propaganda, mas também
como ópio para aturdir seus súditos”, Hauser (1968). Em
conseqüência, o povo imediatamente acolheu essa forma artística,
que se tornou milenar no momento atual da história do homem.
Fonte: Portal São Francisco
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